quarta-feira, 7 de novembro de 2012

::: A SÍNDROME DE MARTA :::




“(disse-lhe Jesus): Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.” (Lucas 10:42)

Em uma das caminhadas de Jesus, passando pela aldeia de Betânia, situada a pouco mais de 6 km de Jerusalém, resolveu entrar na casa dos três irmãos, Maria, Marta e Lázaro. Jesus não fazia com frequência essas visitas. Era um fato até certo ponto raro. Em se considerando a sua fama e o privilégio de falar com ele e o segui-Lo, entrar em uma residência e ali passar alguns momentos falando sobre Sua missão e ensinando as verdades do Reino Celestial ao povo à sua volta, era mesmo uma singular ocasião.
Maria, uma das anfitriãs do ilustre visitante, pôs-se aos seus pés para ouvi-Lo e não perder sequer uma palavra do sublime Mestre. Por certo, ao seu lado também devia estar o seu irmão Lázaro. Marta, muito inquieta com os preparativos para receber Jesus, ocupava-se em colocar em ordem a casa, talvez ultimando pormenores da refeição ou lanche que serviria ao visitante, aborreceu-se com a aparente indolência ou despreocupação de sua irmã em não ajudá-la no serviço. E tratou de se queixar justamente ao Senhor Jesus, reclamando do fato e insistindo para que Jesus recomendasse a Maria que fosse socorrê-la nas lides domésticas.

O Senhor, entretanto, não vê a situação como vemos. Não analisa a circunstância como qualquer um de nós. E decepcionou uma aborrecida Marta respondendo com as palavras que encabeçam este artigo. Sim, mais importante do que tudo naquela ocasião ímpar era mesmo largar tudo o que poderia ser realizado oportunamente e fixar sua atenção na mensagem do Filho de Deus. Fazia valer com autoridade sua própria palavra conforme lemos em Mateus 6:33 – “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. E Maria permaneceu ali sentada aos pés do Supremo Pastor.
Marta não se apercebia que estava perdendo uma oportunidade rara e inédita. Poderia não mais se repetir e mesmo assim dava prioridade a questões corriqueiras, tarefas domésticas em vez de aproveitar aquele momento marcante na vida daquela família.

Esse fato serve como balizador para outras tantas situações que vivemos no nosso dia a dia quando nos deparamos com decisões que temos que tomar ante uma oportunidade oferecida. Um convite para um cargo ou função, uma visita a ser realizada, um telefonema a ser dado, uma palavra de incentivo, de estímulo, de consolo, um gesto de solidariedade, um perdão a ser concedido. Passamos ao largo nessas ocasiões, sem nos preocuparmos com a importância da atitude a ser tomada. Quem sabe, até mesmo imaginando que oportunamente teremos uma nova chance. Ledo engano. “Uma palavra proferida, uma flecha atirada, uma oportunidade perdida, jamais se recupera, nunca mais será obtida”.
Temos que nos munir de imenso cuidado e apurada atenção para o momento, o instante em que a oportunidade aparece e ter o necessário discernimento para não desdenhar daquele ensejo.

No serviço do Rei dos reis isto acontece com certa frequência como também na vida secular. Nesta última arcamos com as consequências diante dos desafios à nossa vida profissional, doméstica, pessoal e, passado o momento, podemos nos arrepender de não ter enfrentado aquela prova.
No que tange ao Reino de Deus os resultados podem ser muito mais sérios. Estamos diante de nosso Pai Celestial que comissiona Seus filhos para uma missão, algumas vezes intransferível (vide o caso do profeta Jonas).

Deixamos para reflexão e meditação a sua decisão para como agir na oportunidade de servir a Deus quando a oportunidade surgir. Pode ser na sua própria igreja – e são numerosos os convites para participação na vida da comunidade - em trabalho paraeclesiástico (lembre-se de alguns).

Aconselhamos consultar com seriedade o Senhor e tomar uma atitude em consonância com a vontade do Pai Celestial. Nunca, em tempo algum, decida por si mesmo, segundo as suas próprias conveniências. Marta assim agiu e foi censurada pelo Senhor. Maria agiu com o coração em deleite para ouvir o Senhor Jesus e este declarou que “a boa parte não lhe seria tirada”

O que você decide??


Pr. Clênio Caldas